A seguir, a historia do Diário de Pernambuco
Fundado por Antonio José de Miranda Falcão, o Diário de Pernambuco iniciou sua circulação em 7 de novembro de 1825 no Recife (PE) como uma pequena folha matutina, medindo 24,5 por 19 cm. De acordo com o editorial de apresentação, declarava-se um simples “diário de anúncios”, com avisos de compra e venda de imóveis, objetos, leilões, aluguéis, ofertas e fugas e apreensões de escravos, além de informar sobre a movimentação portuária. Cada exemplar era vendido ao preço de 40 réis.
Em 1908, aos 83 anos de existência, o Diário de Pernambuco passa a trazer o slogan “Jornal mais antigo em circulação na America Latina”. Em 1911, na esteira de distúrbios políticos ocorridos no Recife, o jornal é invadido e sua sede depredada, ficando sem circular durante 14 dias (de 10 a 24 de novembro). A circulação é retomada em 25 de novembro, para em seguida ser novamente interrompida, tendo o matutino reaparecido em janeiro do ano seguinte sob a direção do ex-chefe da policia local, Elpidio de Figueiredo. Nesta nova fase, o periódico assume uma posição contrária ao governo, que dura pouco tempo, sendo sua sede invadida e “empastelada” por governistas. Desta vez, fica fechado por 2 anos.
Reaparecendo em 1913, como propriedade do coronel Carlos Benigno Pereira de Lira – que contava com seu filho, Carlos Lira Filho, como redator chefe – o diário é direcionado à “imparcialidade para encarar os fatos que se desenrolam em nosso meio, quer em relação a politica geral do país, quer na do estado”. Dois anos após o seu reaparecimento, em 1915, a sede do jornal é novamente depredada por populares (indignados com o ato do Congresso Nacional que deu posse da província a Rosa e Silva, antigo proprietário do jornal, mesmo este tendo sido derrotado por meio de eleições majoritárias por José Bezerra).
Ainda em 1931, em outubro, eclode na cidade o levante do 21º batalhão de caçadores, o que levou à prisão de gráficos, jornalistas e dois diretores do jornal – José dos Anjos e Salvador Nigro – acusados de participação e colaboração com a manifestação. O prédio do Diário de Pernambuco é novamente invadido, mas desta vez pela policia, que revistou todas as suas dependências e, em seguida, fecha o jornal. Dias depois, as prisões e a suspensão do jornal são revogadas por não haver indícios que comprovasse as acusações.
A sede do jornal conta com mais uma invasão na noite de 13 de setembro de 1932, por dois policiais armados que ameaçavam agredir defensores do ministro José Américo, considerado “inimigo de Pernambuco”. O episódio acabou gerando um protesto veemente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), que conseguiu quebrar a censura do governo estadual aos jornais pernambucanos. Liberto da censura, o Diário de Pernambuco toma novo impulso, com a criação de novas seções e a ampliação de serviços noticiosos, recebendo despachos de Chicago Daily News, United Press, Reuters, International News Service e British News Service. Mesmo assim, a censura se fez presente mais uma vez no periódico (e em no restante dos jornais do Recife) em 10 de agosto de 1936, quando a imprensa foi notificada pelo então Secretário de Segurança Pública do Estado, capitão Frederico Mindelo, que “a partir daquele momento, caberia as próprias empresas a responsabilidade pelo cumprimento das proibições, respondendo os diretores pelas desobediências às recomendações do governo estadual”.
Durante II Guerra Mundial, o jornal passou a publicar semanalmente um suplemento com notícias do conflito. Com o fim da guerra em 1945, seguindo a linha dos demais Diários Associados, o Diário de Pernambuco move uma campanha contra a ditadura de Getúlio Vargas. O ponto culminante da campanha acontece em 3 de março daquele ano, quando são assassinados o estudante Demócrito de Souza Filho (na sacada do jornal) e o carvoeiro Manuel Elias, ambos mortos por disparos da polícia. O fato se dá durante uma manifestação popular em frente à sede do jornal, que foi novamente invadido e empastelado pela polícia. O redator chefe, Aníbal Fernandes, e outros jornalistas da equipe são presos. O diário fica 40 dias sem circular, retornando apenas por força de mandado de segurança concedido pelo juiz Luiz Marinho. Pela luta empreendida, Assis Chateaubriand alcunha o jornal de uma “praça forte da liberdade”.
No decorrer de sua história, o Diário de Pernambuco foi vítima de censura por diversas ocasiões. Foi empastelado, depredado, teve exemplares rasgados e incendiados e deixou de circular por alguns dias nos anos de 1911, 1912, 1931 e 1945.
Colaboradores principais: Gilberto Amado (entre 1907 e 1908, quando publicou crônica diária na coluna “Golpes de vista”, sob o pseudônimo de Áureo), Assis Chateaubriand, Alceu Amoroso Lima (sob o pseudônimo de Tristão de Athayde), Otavio Tarquino de Souza, José Lins do Rego, Menotti del Picchia, Murilo Mendes , Augusto Frederico Schmidt, Gilberto Freyre , Austregésilo de Athayde, Álvaro Lins, Lindolfo Collor, Afrânio Peixoto, Medeiros e Albuquerque, Aníbal Fernandes, Mauro Mota, Barbosa Lima Sobrinho, Raquel de Queirós, entre muitos outros.
As sedes: A primeira sede do jornal ficava na Rua Direita, numero 267, no bairro de São José, na casa onde residia o seu fundador. Três anos depois, em 1828, instalou-se na Rua das Flores (hoje Matias de Albuquerque). Em 1831, nova mudança, para a Rua Corredor do Bispo (hoje da Soledade), numero 498. Depois para a Rua do Sol, na casa D1; para o pátio da Matriz de Santo Antonio; Rua das Cruzes; Rua Duque de Caxias e, em 1903, o jornal passa a ocupar o seu endereço mais famoso, na Praça da Independência, local que ficou conhecido como a “Pracinha do Diario”, onde permaneceu por mais de um século. O jornal transferiu-se em julho de 2004 para um novo prédio (que também funciona como sede do grupo Associados no Recife), na Rua do Veiga, número 600, no bairro Santo Amaro. O prédio na Pracinha do Diário foi adquirido pelo governo do estado, onde agora funcionam o memorial do Diário de Pernambuco e o arquivo público estadual Jordão Emerenciano.