sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Aquecimento gelado

crédito da imagem: O Globo

Às 9 da manhã do dia 11, oito servidores do Ministério da Cultura prendem duas faixas anunciando sua paralisação na entrada principal do Edifício Gustavo Capanema, no Rio. Como a chuva fina e o vento gelado parecem ter deixado o restante dos funcionários do MinC em casa, o que dá o tom da manifestação é apenas o conjunto de faixas, que atenta para o não cumprimento do acordo para o plano especial de cargos da cultura, quebrado pelo governo. Os oito servidores mal dão conta do entra-e-sai na entrada do prédio, que abriga, além de escritórios do Iphan, da Funarte e da Biblioteca Nacional, gabinetes do Ministério da Educação, da Embrafilme e da Fundação Nacional do Livro.

“Hoje mais cedo um cara da Embrafilme tava todo estressado aqui, não parava de gritar. É que hoje é o prazo de entrega de papéis da volta dos anistiados da Embrafilme”, diz a servidora Paula Nogueira. Um desses anistiados, ao entrar no Capanema, deseja sorte ao minguado piquete da cultura. Às 9h15, o grupo chega a ficar alguns minutos com apenas três pessoas. Isabel Costa, uma dessas três, faz o que pode: “Trabalho aqui e conheço algumas pessoas que entram, assim de vista, mas não todos”. Pouco tempo depois, cerca de 10 funcionários se aglomeram no piquete.

Às 9h30, os escritórios da Biblioteca Nacional no Edifício Debret estão abertos. Perguntado se haveria expediente naquele dia, o guarda da entrada afirma que sim. Vozes vindas das salas internas confirmam a versão do guarda. Quinze minutos depois, na entrada da Rua México, o piquete do prédio-sede da Biblioteca Nacional reúne 14 pessoas. Elas formam uma linha consistente para barrar a entrada de um eventual fura-greve. Mas, por conta da chuva e do frio, ficam aninhadas do lado de dentro do prédio. Aos que passam na rua, fica a impressão de que quase ninguém cuida da entrada.

Às 10h15, já cerca de 30 pessoas se reúnem no piquete do Capanema. Na BN, após uma breve esvaziada na hora do almoço, o turno da tarde assume a portaria da Rua México (sem contar os funcionários que se aglomeram na entrada principal do prédio). A adesão, no fim das contas, não foi ruim: há quem diga que os números mais baixos de piqueteiros estão nos fins de greve. Estamos, por sinal, preparados para mais uma?

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